Rádio da Sol

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Metade de mim


Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. 
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca. 
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. 
Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que triste. 
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante. 
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade. 
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento. 
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo. 
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada. 
Porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão. 
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. 
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância, 
porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei. 
Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito 
e que o teu silêncio me fale cada vez mais 
porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço. 
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba 
e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer, 
porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção. 
E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor 
e a outra metade também.






Autor Desconhecido (texto retirado do site Minuto de Sabedoria)

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